Prezados colegas da SBPC e demais associações que subscrevem a nota “O nosso petróleo é precioso e deve financiar o futuro do Brasil”,
Nós das associações que atuam na área de petróleo e energia do Brasil – ABGP, SPE-Brasil, SBGf e SBG – gostaríamos de convidá-los a uma reflexão. Segundo a ANP, as reservas provadas de petróleo do Brasil são da ordem de 14,85 bilhões de barris. Com uma produção anual de cerca de 1 bilhão de barris, seria necessário incorporar anualmente esse montante, com novas descobertas, para que as reservas brasileiras se mantenham em um patamar confortável de volume estratégico.
Nesse contexto de manutenção das reservas de petróleo do Brasil, as bacias de Margem Equatorial (MEQ) constituem áreas estratégicas para investigação do potencial petrolífero, visto perfazerem uma extensão de mais 3000 km, em que poucos poços foram perfurados em águas profundas e ultra-profundas. A exploração de petróleo na Margem Equatorial é crucial às metas de incorporação de novas reservas para o Brasil , sendo essa fronteira exploratória muito promissora devido à descoberta de reservas de 11 bilhões de barris de petróleo na Bacia Guiana-Suriname em águas profundas e ultra-profundas, em um contexto geológico similar à MEQ .
A autossuficiência nacional em petróleo, com base na exploração do pré-sal sofrerá um declínio a partir de 2030 e, consequentemente, ocorrerá a necessidade de importação de petróleo por volta de 2030 – 2035. Neste cenário, o país retornará à condição de importador de petróleo colocando em questão a segurança energética do país. Num cenário de transição energética com a incorporação de novas fontes de energias, como a energia eólica, solar, hidrogênio e geotermal, entre outras, o petróleo ainda continuará a participar da matriz energética por décadas.
Podemos optar por duas ações que impactarão o futuro de nosso país. Explorar o petróleo no Brasil e continuar autossuficiente, conquista realizada desde 2006, ou utilizar o petróleo importado, afetando a balança comercial, expondo o país às crises internacionais, com a perda de geração de riqueza e a renda que esta indústria promove.
Todas as empresas petrolíferas que atuam no Brasil adotam um rigoroso processo de mitigação de risco ambiental, cumprindo todas as demandas e exigências recomendadas pelo IBAMA, como investigação por imageamento do fundo marinho para detecção de áreas de bioconstrução (corais), consulta às comunidades, aos povos originais e planos de emergência individual (PEI), com extensivos recursos de infraestrutura para contingências operacionais durante a perfuração e teste de produção.
Vale citar que as empresas brasileiras estão entre as mais capacitadas e conceituadas do mundo para operação em águas profundas e têm gerado um substancial desenvolvimento tecnológico e capacitação profissional, que hoje são exportados para o mundo.
Reiteramos, por mais que pareça óbvio, para que o petróleo gere divisas e royalties que possam fomentar a transição energética, ou a saúde, educação, ciência e inovação, o petróleo precisa ser produzido. E, antes disto, descoberto. Petróleo armazenado na rocha reservatório não gera desenvolvimento.
Rio de Janeiro, 11 de Junho de 2024.
Diretorias da ABGP – Associação Brasiliera de Geólogos de Petróleo, SBG – Sociedade Brasileira de Geologia, SBGf – Sociedade Brasileira de Geofísica e SPE Brasil – Society of Petroleum Engineer